Brasil e Índia reforçam laços econômicos e institucionais diante de mudanças geopolíticas

  • 19/02/2025
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O cenário geopolítico internacional tem passado por transformações significativas, impulsionadas por rearranjos estratégicos e pela redefinição de blocos econômicos. Nesse contexto, a Índia ocupa uma posição de destaque, consolidando-se como um dos principais polos de crescimento global. Para tratar dessa dinâmica e de seus reflexos nas relações bilaterais com o Brasil, o Chairman da Câmara de Comércio Brasil-Índia, Roberto Paranhos do Rio Branco, apresentou uma análise sobre o papel do país asiático na economia mundial e o fortalecimento das relações comerciais entre as duas nações.

Paranhos observou que a Índia se tornou uma das maiores economias do mundo, atualmente ocupando a quarta posição no ranking global e com projeções de alcançar a terceira nos próximos anos. Ele destacou que, apesar das diferenças culturais, Brasil e Índia mantêm uma relação diplomática e econômica de longa data, marcada por cooperação e crescente aproximação. Essa relação tem se intensificado diante do novo contexto geopolítico, especialmente em meio às disputas comerciais e tarifárias promovidas por grandes potências.

A recente agenda de visitas oficiais reforça esse movimento de aproximação. Paranhos mencionou a viagem do vice-presidente Geraldo Alckmin à Índia, acompanhada de uma comitiva empresarial, e a previsão de uma futura visita do presidente brasileiro ao país. Tais encontros, aliados à cooperação no âmbito do BRICS, têm fortalecido os laços institucionais e comerciais, abrindo novas possibilidades de intercâmbio em setores estratégicos.

Durante a pandemia, a importância da Índia tornou-se ainda mais evidente, especialmente pela sua capacidade de produção farmacêutica e tecnológica. Paranhos lembrou que o país é responsável por grande parte da produção global de vacinas e possui expressiva atuação em áreas como defesa e tecnologia da informação. Essa força produtiva contribuiu para que a Índia se tornasse um ator essencial nas cadeias globais de valor.

No campo empresarial, o chairman enfatizou o dinamismo dos empresários indianos, caracterizados por alta disposição para negociações e pela busca constante de oportunidades. Comparou esse perfil ao do empresariado brasileiro, ressaltando que as novas gerações no Brasil têm ampliado sua participação em relações comerciais internacionais, superando barreiras linguísticas e culturais. Como resultado, o número de missões empresariais entre os dois países cresceu expressivamente nos últimos anos, com dezenas de delegações brasileiras visitando a Índia e vice-versa.

Paranhos também destacou a criação do CEO Forum Brasil-Índia, iniciativa que fortalece a interlocução entre empresas de ambos os países. O fórum, que já contou com a participação de líderes de grandes grupos empresariais, busca consolidar parcerias e ampliar o intercâmbio comercial e tecnológico. A Câmara de Comércio Brasil-Índia mantém escritório em Nova Délhi e cooperação com entidades indianas como a Confederação das Indústrias da Índia (CII), a FICCI e a ASSOCHAM, possibilitando suporte direto a empresas interessadas em expandir suas operações.

O fortalecimento dessa relação não se restringe às grandes corporações. Segundo Paranhos, a cooperação bilateral também cria oportunidades para micro e pequenas empresas, promovendo investimentos, geração de empregos e novas frentes de negócio. Ele ressaltou que o apoio institucional oferecido pela Câmara é fundamental para orientar empreendedores brasileiros que buscam atuar no mercado indiano, reduzindo riscos e facilitando o acesso a informações estratégicas.

Em sua análise sobre o cenário internacional, abordou ainda os riscos e desafios decorrentes dos atuais conflitos geopolíticos. Ele citou as tensões envolvendo Rússia e Ucrânia, além de conflitos no Oriente Médio, e defendeu o fortalecimento dos esforços diplomáticos pela paz. Para ele, a trajetória da Índia, marcada pelo legado de Mahatma Gandhi e sua filosofia de não violência, permanece um exemplo de diplomacia e equilíbrio em meio às crises globais.

Por fim, Paranhos ressaltou que o avanço das relações Brasil–Índia não se limita ao comércio e à política, mas também se estende ao campo cultural. O intercâmbio entre os povos, estimulado por práticas como o yoga e pela preservação das tradições indianas, reforça laços de compreensão mútua. Observou que a Índia, com suas 24 línguas oficiais e centenas de dialetos, consegue manter unidade nacional e estabilidade social, o que serve como exemplo de coexistência para outras nações.

Encerrando sua análise, Roberto Paranhos do Rio Branco afirmou que o fortalecimento da parceria Brasil–Índia reflete uma estratégia de longo prazo. Com base no planejamento e na visão de futuro do governo indiano, representado pelo primeiro-ministro Narendra Modi, a cooperação bilateral tende a expandir-se de forma estruturada, com benefícios para empresas de todos os portes e para o desenvolvimento econômico de ambos os países.